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terça-feira, 7 de abril de 2009

Filó, a fadinha lésbica

' Ela era gorda e miúda.
Tinha pezinhos redondos
A cona era peluda
Igual à mão de um mono.

Alegrinha e vivaz

Feito andorinha

Às tardes vestia-se

Como um rapaz

Para enganar mocinhas.

Chamavam-lhe "Filó, a lésbica fadinha".

Em tudo que tocava

Deixava sua marca registrada:

Uma estrelinha cor de maravilha

Fúcsia, bordô

Ninguém sabia o nome daquela cô.

Metia o dedo

Em todas as xerecas: loiras, pretas

Dizia-se até...

Que escarafunchava bonecas.

Bulia, beliscava

Como quem sabia

O que um dedo faz

Desde que nascia.

Mas à noite... quando dormia...

Peidava, rugia... e...

Nascia-lhe um bastão grosso

De início igual a um caroço

Depois...

Ia estufando, crescendo

E virava um troço

Lilás

Fúcsia

Bordô

Ninguém sabia a cô do troço

Da Fadinha Filô.

Faziam fila na Vila.

Falada "Vila do Troço".

Famosa nas Oropa

Oiapoc ao Chuí

Todo mundo tomava

Um bastão no oiti.

Era um gozo gozoso

Trevoso, gostoso

Um arrepião nos meio!

Mocinhas, marmanjões

Ressecadas velhinhas

Todo mundo gemia e chorava

De pura alegria

Na Vila do Troço.

Até que um belo dia...

Um cara troncudão

Com focinho de tira

De beiço bordô, fúcsia ou maravilha

(ninguém sabia o nome daquela cô)

Seqüestrou Fadinha

E foi morar na Ilha.

Nem barco, nem ponte

O troncudão nadando feito rinoceronte

Carregava Fadinha.

De pernas abertas

Nas costas do gigante

Pela primeira vez

Na sua vidinha

Filó estrebuchava

Revirando os óinho

Enquanto veloz veloz

O troncudão nadava.

A Vila do Troço

Ficou triste, vazia

Sorumbática, tétrica

Pois nunca mais se viu

Filó, a Fadinha lésbica

Que à noite virava fera

E peidava e rugia

E nascia-lhe um troço

Fúcsia

Lilás

Maravilha

Bordô

Até hoje ninguém conhece

O nome daquela cô.

E nunca mais se viu

Alguém-Fantasia

Que deixava uma estrela

Em tudo que tocava

E um rombo na bunda

De quem se apaixonava.

Moral da estória, em relação à Fadinha:
Quando menos se espera, tudo reverbera.

Moral da estória, em relação ao morador
da Vila do Troço:

Não acredite em Fadinhas.

Muito menos com cacete.

Ou somem feito andorinhas

Ou te deixam cacoetes.'

( Bufólicas - 1992)

14 comentários:

Mila disse...

Tinha que ser da belíssima, admiradíssima e maravilhosa Hilda Hilst, quem não conhece, tem que conhecer!!! E viva a liberdade poética! =)

Besosss

Mayone Mayne. disse...

HAHA' ameii =)

Momentos...volupté! disse...

Não conheço, mas certamente irei pesquisar...muito legal...Cool!!!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk
Hilário.

Confie desconfiando, sempre!

Bjos ú&e

Blogueira Master disse...

Hilda Hilst é foda, acertou na mosca!!! :)) Adorooooooooooo.... Beijos

Leandro Roberto Lopes disse...

Ótimo texto.
;)

Teixeira disse...

Agora quero conheçer, sensacional rs surreal... Bjs

Loira e Morena disse...

Bem legal en! Vou pesquisar mais a respeito de Hilda Hilst!

Beijaooo da Morena!

Anônimo disse...

hahahaha.. adorei. eu nao conhecia a autora .. mas ja esta na lista das minhas novidades literarias!

bjs

Carolina Diniz disse...

Lou...

que saudades!!!

Quero conversar com vc...sobre negócios...

Beijos

meus instantes e momentos disse...

ótimo post( como sempre)
Tenha uma bela Páscoa.
Maurizio

Rodrigo e Nina disse...

Muito legal!!!!!! Me diverti aqui!

Bjs,
Nina.

Fernanda Magalhães disse...

E viva a liberdade poética!!!

Feliz pascoa flor!


Bjos de luz!

menina fê disse...

kkkkkkkkkk
adoro a hilda hilst!!!

já conhecia, mas amei tê-lo visto novamente.


lindona,
tô no osso... trabalho pra kct. aos poucos vou visitando os queridos. ah, vc pegou seu presente? no post de 09/04 tem uma surpresinha. vá buscar a sua!


bjão da fê =D